COMUNICADO À IMPRENSA

27-04-2012 18:12

 DR. KOUMBA YALÁ

PRESIDENTE

BISSAU

GABINETE

 

 

Comunicado à Imprensa

Face aos ataques sistemáticos de que o Presidente Koumba Yalá tem sido alvo por parte do governo angolano em responsabilizá-lo no recente golpe de Estado, os serviços de comunicação entendem por bem levar ao povo guineense e à comunidade internacional a verdade que se impõe sobre os alegados factos referidos na imprensa internacional.

A maneira expedita e simplista com que certos sectores da hierarquia política angolana têm lidado com a recente crise político-militar que assola o nosso país, não deixam margem para dúvidas de que estamos perante uma estratégia de branqueamento das reais intenções hegemónicas estrangeiras na nossa sub-região africana, e que teriam como epicentro o território guineense. E o derradeiro momento deu-se com as declarações produzidas há dias no parlamento angolano pelo general Kitanda, vice-ministro das relações exteriores, que se desdobrou em graves acusações ofensivas não só ao bom nome, como à integridade moral e política do Presidente Koumba Yalá.

Além de puras inverdades, as afirmações do general Kitanda, e as proferidas anteriormente pelo seu chefe, vêm confirmar que a verdadeira máscara caiu, pela amálgama que fazem das intenções belicistas mal escamoteadas do actual regime angolano na Guiné-Bissau, com a legítima reivindicação de um democrata que mais não fez do que reclamar de um direito que a ordem democrática do seu país lhe assiste.

É curiosa a forma como o general angolano, de seu nome Salvino de Jesus Siqueira Kitanda vai longe nos seus insultos e esboça perante os parlamentares angolanos um falso laço de parentesco entre o general António Indjai e a esposa do Presidente Koumba Yalá, fazendo lembrar a desdita máxima do antigamente colonialista que pretendia que os africanos eram todos iguais. O nosso general angolano além de desprezo pelas nossas realidades culturais, próprias de um colonialista, demonstra por outro lado ser um profundo desconhecedor das mesmas, ao afirmar que o Presidente Koumba Yalá ofereceu soma em dinheiro para a preparação do golpe de Estado.

O Presidente Koumba Yalá fez o que qualquer estadista e homem de bem guineenses fariam naquelas circunstâncias, ou seja, apresentar logo à chegada de uma viagem, votos de condolências à viúva do Presidente Malam Bacai Sanhá, onde, segundo a tradição guineense, normalmente ficaria mal a uma pessoa com algum prestígio não apoiar financeiramente a família enlutada. Logo de seguida, Koumba Yalá acompanhado de dirigentes do PRS dirigiu-se ao forte da Amura, que neste momento também alberga o EMGFA, para prestar homenagem aos restos mortais do Presidente Malam Bacai Sanhá. As chefias militares presentes a mando do general Indjai, mais não fizeram do que render informalmente as devidas honras a um antigo chefe de Estado deposto por um golpe de Estado, o que terá despoletado uma forte emoção, levando Koumba Yalá, num gesto de simpatia e de agradecimento a oferecer publicamente alguma soma em dinheiro, gesto que protagonizou algum simbolismo cultural à semelhança de alguma prática tradicional, e pelos vistos mal compreendido pelo nosso general angolano.

Importa lembrar que as situações que hoje vivemos teriam sido evitadas se o grito de socorro lançado pelo general António Indjai numa reunião a 29 de Março passado na Assembleia Nacional Popular tivesse tido eco junto dos governantes depostos. Por sugestão do mesmo e a convite do Presidente Interino Raimundo Pereira, estiveram presentes nessa reunião, os cinco candidatos contestatários do escrutínio presidencial antecipado de 18 de Março, e os seus colaboradores, o primeiro-ministro/candidato e os respectivos apoiantes, quase toda a sociedade religiosa, a sociedade civil e as chefias militares. Os pontos em agenda retidos foram a discussão da actual situação política e a crise instalada entre a classe castrense e a missão militar angolana,

O ponto alto da reunião acabou por ser protagonizado pelo general António Indjai que nos relatou o grande problema que estava a ser criado pela MISSANG, que afinal dispunha de potencial bélico superior ao das nossas forças armadas, que foi por diversas vezes vexado no seu gabinete de trabalho, pelo chefe das referidas forças angolanas em presença do actual embaixador angolano, quando este lhe acusou de estar a preparar um golpe de Estado. António Indjai, na mesma reunião denunciou que a missão militar angolana andava a extravasar o seu mandato com missões de reconhecimento no interior do País, e que se recusava entregar o armamento depois da formação feita às nossas forças, alegando que não recebera ordens de Angola para tal. Perante o clima de desconfiança instalado com as pretensões dos militares angolanos, e perante o clima de instabilidade eleitoral que se vivia António Indjai pediu a reunião do parlamento para pedir ajuda aos políticos do seu País, como forma de se resolver a crise. Mas não foi ouvido por quem de direito. Antes pelo contrário, em vez de medidas de apaziguamento e consensos, seguiram-se fatídicos dias de violentos comunicados dirigidos essencialmente contra os militares, e que seguramente culminaram no pronunciamento militar que nada tem a ver com as candidaturas contestatárias, que aliás, o condenaram firmemente.

Portanto, relacionar o nosso grave problema político-militar com as legítimas pretensões reivindicativas de Koumba Yalá nestas eleições releva de puro delírio. O que importa não são os nossos interesses simples. O que importa são os legítimos interesses dos nossos povos de Angola e da Guiné-Bissau, que o acaso ligou por uma história e luta comuns, e que ficarão marcadas de forma indelével nas belas páginas das nossas histórias recentes escritas por Amílcar Cabral, Agostinho Neto e tantos outros nacionalistas.

Bissau, 26 de Abril de 2012

 

O Director de Comunicação

Victor Gomes Pereira