NA PRAÇA PUBLICA

18-04-2013 13:05

 

NA PRAÇA PUBLICA

 

            Ramos-Horta terá, sem dúvida, uma agenda pessoal para a Guiné-Bissau. A sua visão é contrária aos princípios básicos das Nações Unidas, do diálogo, paz e reconciliação entre povos e nações. Perfilha a visão saudosista e conservadora de uma certa corrente na CPLP. Presunçoso e com mania de que é o iluminado. Não tem estado a representar com dignidade o cargo que ora ocupa. De certeza, Ban Ki-moon não terá dado a Ramos-Horta o mandato de resolver os assuntos da Guiné-Bissau na praça pública, como o tem feito. Não lhe deu espada para cortar cabeças! A resolução 2030 (2011) do Conselho de Segurança das Nações Unidas pede ao seu Representante, entre muitas outras ações, apoio às autoridades nacionais, tanto no estabelecimento de políticas e sistemas de aplicação de lei, como no diálogo político e no processo de reconciliação. Pede ao seu Representante no sentido de disponibilizar apoio estratégico e técnicos às autoridades nacionais. Mas, em tão pouco tempo, baralhou as cartas. A sua indiscrição contribuiu fortemente para manchar ainda mais o bom nome da Guiné-Bissau no mundo. Parece o apanha-bolas: responde e antecipa a tudo e todos.

 

            O Secretário-geral da ONU também pediu no atual mandato que o seu Embaixador reforce a cooperação com a União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e demais parceiros nos seus esforços para contribuir para a estabilização da Guiné-Bissau. Claro que a prioridade na cooperação é regional e estratégico. Não é por acaso que Ban Ki-moon sugere, em primeiro lugar a cooperação com a UA e com a CEDEAO. A CPLP vem em terceiro lugar e situa-se no grupo de parceiros - de interesses - subentenda-se. E a CPLP não passa de um orquestra musical que se quer transformar-se em bando de assaltantes à mão armada, exibindo a “história comum” como tábua de salvação.

 

              A Radio Comercial na cidade de Praia noticiou que, no dia 12 de Abril, a ONU, União Africana (UA), Cabo Verde e Brasil reuniram-se na Praia para concertar ações para o debate sobre a Guiné-Bissau, que se realizará em Maio no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque. Ora, consta que, até hoje, o atual Embaixador da ONU em Bissau, nunca se reuniu com UA e muito menos com a CEDEAO. Mas sabe-se que, a revelia das autoridades de transição no país, convidou o Secretário Executivo da CPLP a visitar Bissau. A presença Murade Isaac Miguigy Murargy parecia mais de um rapaz de recado de certos países da CPLP, para sondar a temperatura política no país. Por ser um multilateral a sua visita não teve eficácia nenhuma. Portanto o Gabinete da ONU em Bissau não tem ideias e o mandato está prestes a terminar. Os alaridos de Ramos-Horta, em parte, vão no sentido de tentar renovar o mandato! O álibi de Ramos-Horta é de que se falhar a sua recondução irá tentar tudo por tudo convencer o mundo de que a Guiné-Bissau é um Narco-Estado; que Cabo Verde e Moçambique não o são; e muito menos que a droga vem de América Latina. Será nessa altura que chegará o tal “perigo real” de que gosta de falar! Ainda sobre as reuniões em Praia: a presença do Representante da UA em Bissau, Ovídeo Pequeno, não justifica que o Embaixador da ONU estivesse a cooperar com a União Africana. A presença de António Patriota, pelo Brasil e de Jorge Borges por Cabo Verde, nessa reunião de concertação de ações para o debate no Conselho de Segurança da ONU, representa a CPLP, os países que segundo o seu raciocínio, ainda não entrará em colisão diplomática com a Guiné-Bissau. Mesmo assim o grupo não abdicou do espírito revanchista que tem norteado a CPLP no tratamento dos assuntos políticos da Guiné-Bissau. Praticamente todos os países da CPLP esgotaram os seus créditos político-diplomáticos para com a Guiné-Bissau. Mantem-se o slogan de Paulo Portas: “tolerância zero”! O Brasil, sendo um país em guerra declarada com os narcotraficantes, não sabemos até que ponto o senhor António Patriota estará disposto a participar na jogada fascista de Paulo Portas e da CPLP. Aconselhámos-lhes a olharem-se ao espelho, senão teremos que ser nós a explicar ao mundo.

 

            Ainda, segundo a noticia da mesma radio na cidade de Praia, o ministro brasileiro assegurou de que estaria “em curso uma “sintonia” entre as quatro partes envolvidas na reunião, que decorreu na Sala VIP do aeroporto da Cidade da Praia, sobretudo no que diz respeito à assinatura de um Pacto de Regime, elaboração de um calendário eleitoral, criação de um Governo inclusivo e à realização de eleições gerais antes do fim do ano”. Portanto, nenhumas destas ideias resultam do trabalho de terreno de Ramos-Horta. São encomendas antigas bem embaladas da CPLP, que sempre lutou pela “inclusão” dos seus fantoches na governação que intitulavam de “golpistas”. Não se sabe o que é que mudou na Guiné-Bissau, para que começassem a propor a “inclusão” e o “retorno a ordem constitucional”. Estas propostas não são mais que uma declaração à guerra, um caminho para a “somalização” da Guiné-Bissau. A bem da objetividade, no Conselho de Segurança, a decorrer em Maio próximo, o nosso país terá o direito a réplica das posições da CPLP através de Ramos-Horta. Espera-se um debate vivo e esclarecedor entre a CEDEAO e os adeptos do retorno ao neocolonialismo e traficantes de droga figurados na pessoa de Carlos Gomes Júnior. Por exemplo, sobre a realização das eleições, o atual mandato do Representante de Ban Ki-moon é omisso. A própria ONU tem a consciência de que as datas indicativas para as eleições são prerrogativas de Estados soberanos.

 

                Padidas no lanta! Guiné-Bissau I no mantenha! Kin ku fala mal del, gatu pretu bas di si kama!

 

Por: Nababu Nadjenkal