TOLERÂNCIA ZERO

04-04-2013 23:07

 

 TOLERÂNCIA ZERO

 

Ramos-Horta imita o árbitro zarolho que apitava as jogadas do craque Zé-Carioca contra o Gastão, guarda-redes sortudo - da banda desenhada brasileira - que adivinhava todos os chutes do adversário. Tem estado a falar demais e fora do âmbito da sua competência, na qualidade de Embaixador da ONU, na Guiné-Bissau. Não é o único Embaixador no nosso país! Tornou-se boca de aluguer da CPLP em Bissau e da ala “inclusivista” (corrupta) do PAIGC. Na abordagem das questões políticas correntes, tem-se revelado, descaradamente, parcial. E delira muito! Era esse mesmo senhor, na qualidade de Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas do seu país (Timor Lorosae), em desaforo para com o setor castrense, levou um  tiro valente que obrigou a sua imediata evacuação, quase  moribundo, para a Austrália… É esse mesmo senhor que nos quer dar lição de democracia?

 

Será que advinha o futuro? Ramos-Horta, colocou no alto do púlpito e jurou, a pés juntos, que não haverá mais golpe de Estado na Guiné-Bissau, nem contestação dos resultados eleitorais. Que Deus o oiça! Transparência na gestão da coisa pública é o que todos nós desejamos. Mas, como pode ele ter tanta certeza? A ciência social ensinou-nos que o comportamento humano é tendencialmente objetivo… Até Barack Obama, na Conferencia sobre democracia, prosperidade e Africa, no Instituto da Paz em Washington, do dia 30 de Março de 2013, reconheceu, para quem quis escuta-lo, a existência de fatores que levam a instabilidade política, dizendo: “Quando temos uma boa governação – quando temos democracias que funcionam, uma boa gestão dos fundos públicos, há transparência e responsabilidade perante os cidadãos que colocam os líderes naqueles lugares – acaba por ser bom para o estado e para o funcionamento do governo, e é também bom para o desenvolvimento económico”. O que significa, portanto, que, de fato há democracias que não funcionam. Democracia de fachada, controlada pelos endinheirados, que ao capturarem o poder transformam o Estado em propriedade pessoal e da sua família. É precisamente quando eles próprios introduzem “kuntangu” nos quartéis; colecionam frota de automóveis nas garagens das suas vivendas de luxo; constroem escolas de “kirintim”; manipulam a justiça; os hospitais não satisfazem as necessidades mais básicas dos cidadãos; empresários (narcotraficantes e testas-de-ferro) invertidos em líderes partidários e chefes de governos, etc., estarão assim, então, criadas as condições para uma situação potencialmente perigosa e que pode transformar-se em instabilidade política grave, idêntica a que se deu em 12 de Abril passado, contra o governo corrupto de Carlos Gomes Júnior. Há bem pouco tempo começou a desabrochar o mesmo tipo de astúcia política relacionada com cartéis da droga na candidatura de Braima Camara do PAIGC.

 

Apraz-nos, pois, por estas e outras, perguntar: que incompetência estará a mover Ramos-Horta? Sabe-se que a indicação de sua pessoa foi forjada na última Assembleia Geral das Nações Unidas (Setembro de 2010), durante a presidência portuguesa no Conselho de Segurança. Foi daí que surgiu como “capataz” ao serviço da mãe-pátria, tentando de alguma forma retribuir a gratidão a Portugal pelo apoio prestado a Timor Lorosae, na retirada da Indonésia. Não tem ideias novas para a Guiné-Bissau. É a técnica da mentira tantas vezes repetida vira verdade! A sua cabeça já vem formatada. Tipo “chapa cinco”! Enche a boca e diz: eleições! Mostramos no artigo anterior que a palavra “eleições” nesta fase não passa de um presente envenenado para a Guiné-Bissau.

 

Em seu perfeitíssimo juízo Ramos-Horta diz: “As autoridades de transição da Guiné-Bissau deviam fazer um esforço para normalizar as relações com Angola, Cabo Verde e Portugal”. Mas, quem lançou então o slogan: “tolerância zero”? O mundo viu e ouviu! Quem lançou os dados foi Paulo Portas, Ministro português dos Negócios Estrangeiros, apoiado pelos seus capangas e  homólogos de Angola e de Cabo Verde. Conclusão: Ramos-Horta não passa de um peão expedido para baralhar as cartas.

 

 

O mesmo senhor com estatuto como qualquer outro Embaixador credenciado no nosso país, teve também o desplante de convidar o atual Secretário Executivo da CPLP, o moçambicano, Isaac Murade Murargy, a deslocar-se a Bissau como se estivesse em Dili. Tudo a granel! Deve ter pensado: “estes não resultaram do voto, por isso não lhes vou respeitar”! Com sobrançaria, responde aos jornalistas: “Estou muito satisfeito (com a visita de Murade Murargy), aliás fui eu que insisti, convidei-o a vir para que, com a União Africana, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e a União Europeia, dialoguemos para a procura de formas como apoiarmos os nossos irmãos da Guiné-Bissau para levarem avante o roteiro, o agendamento do processo eleitoral”. Será erro de visão? O problema da Guiné-Bissau é de natureza bilateral – em relação aos Estados por ele citados - e jamais com um organismo de índole cultural (ou multilateral), como é o caso da CPLP. A CPLP tem que sentar na bancada a ver o jogo. Não pode dar cartas aqui na pátria de Cabral! Ao atuar desta maneira, Ramos-Horta estará a perpetrar no ato de displicência para com as “Autoridades de Transição” da Guiné-Bissau! Conclusão: a guerra de hostilização do Estado guineense por Angola, Cabo Verde e Portugal, mal começou e agora mudou de mãos. É que o “trabalho sujo” de que a deputada do PS na União Europeia, Ana Gomes, falava, fica a cargo do dito Representante Especial de Ban Ki-Moon em Bissau.

 

Trocou Bissau por Dili ao afirmar que “Não podemos, por questões pontuais, afectar relações que são tão profundas. Posso dizer que os maiores amigos e aliados da Guiné-Bissau, na União Europeia, são os portugueses, porque há poucos países que se preocupam com a Guiné-Bissau”. Em primeiro lugar, Ramos-Horta precisa de saber se a Guiné-Bissau se preocupa com Timor Lorosae. E, em segundo lugar, a invocação de “laços tão profundos” entre a Guiné-Bissau e o trio (Angola, Cabo Verde e Portugal), é totalmente imprudente. Alias, crescemos aprendendo que “um verdadeiro amigo é sempre leal, e é nos momentos difíceis que se conhecem os amigos fiéis. Há uma máxima que lhe poderia ajudar e que diz: “é difícil parar uma disputa depois de começada; por isso o melhor é evitá-la antes de se ficar envolvido nela”.

 

 É Nobel, mas não um anjo da paz! Era óbvio que a visita do Secretário Executivo da CPLP, Isaac Murade Murargy a Bissau, redundava num nado-morto. A discussão do momento não é a língua portuguesa. Fez-se contra-golpe às tentações saudosistas e imperialistas protagonizadas pela Missang, por isso não estamos cá a brincar à cabra-cega! A não ser que a CPLP pretenda reeditar “Portugal pluricontinental e multirracial”, dos tempos da “velha senhora”… Se Murargy é meteorologista não o sabemos. É evidente que a sua passagem por Bissau visava essencialmente medir a temperatura política interna, para depois levar recado aos seus amos através de um périplo por Praia, Luanda e Lisboa.

Padidas no lanta no pega radi,  pa no da dignidade pa no fidjus!

Por: Baligum