CPLP NUM BECO SEM SAIDA

26-07-2012 17:34

CPLP NUM BECO SEM SAIDA

 

            A visão do Governo de Transição em relação ao que tem sido a postura dos Países da Língua Portuguesa é corretíssima. A fuga para à frente não lhes dará campo de manobra! Os autores da mensagem “tolerância zero” são os verdadeiros arquitetos de Cavalo-de-troia para a Guiné-Bissau. Muito embora o assunto da Guiné-Bissau não tenha sido agendado na IX Cimeira de chefes de Estados e de Governos da CPLP em Maputo, participaram em pleno com os seus peões. E de acordo com as palavras de Cavaco Silva,  para dizer que a Guiné-Bissau está “aqui presente nesta cimeira representada pelos seus legítimos representantes”. A questão da “legitimidade dos participantes”, tem sido um tema muito caro a Comunidade, por isso não vale a pena abrir discussão sobre ele. Para os ideólogos da CPLP o líder é legitimado pelo mercado. Têm estado a esquivar-se e não dão mão à palmatória pelos erros flagrantes e grosseiros cometidos pela MISSANG na Guiné-Bissau.

 

Acontece que o esquema que havia sido engendrado pela CPLP, através da presença da MISSANG na Guiné-Bissau, conhecemo-lo. Ele tem barbas de aço e brancas! O objetivo era colocar Carlos Gomes Júnior como presidente da República. A fórmula era administração do nosso país por indirect rule. Mas, o embuste falhou, causando um enorme alvoroço em todos os países da CPLP. O desabafo do Ministro de Relações Exteriores de Angola, George Chicoti, é revelador: «A Guiné-Bissau constituiu a grande frustração da presidência angolana. O esforço de solidariedade que Angola e a CPLP se prontificaram a prestar à Guiné-Bissau e, designadamente, a urgente reforma de defesa e segurança falhou rotundamente, tendo ficado clara a mensagem de que os militares não consentiram em ceder voluntariamente o poder que detêm na Guiné-Bissau». O malogro da presidência angolana também é extensivo à gestão incompetente da Comunidade pelo menino zeloso de José Eduardo dos Santos, o Engenheiro guineense, Domingos Simões pereira. Passados quatro anos à frente da organização Simões Pereira vem agora reconhecer numa das suas entrevistas que foi possível adquirir no contacto com as Nações Unidas, com o grupo de contacto para a Guiné-Bissau, lições de aprendizagem que hoje poderiam ajudar os Estados-membros e a instituição a adequar de forma mais eficaz a estrutura da CPLP.  

           

A “tolerância zero” colocou a CPLP num beco sem saída. Deslumbrados pela crise económica atual que assola a europa e pela premente necessidade de garantir mercados às suas empresas em África, arrastaram a IX Cimeira de Maputo para um nível baixo e sem relevância. Porquê que de repente os portugueses se despertaram pela CPLP? Tomaram parte na reunião: o Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e o Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Coincidentemente, ou não, todos eles subservientes ao mercado e nunca representando o povo que os elegeu. Os seus raciocínios são ainda ancorados na logica antiga do tempo do Estado Novo. Mas, a irrelevância da IX Cimeira foi evidenciada justamente pela ausência de figuras de peso da Comunidade: Angola e Brasil. Esses países delegaram para a Cimeiras segundas e terceiras figuras do Estado. José Eduardo dos Santos justificou a sua ausência alegando os compromissos eleitorais. O Presidente de Angola não fez - como manda o figurino - a entrega do martelo da presidência da CPLP ao seu homólogo Armando Guebuza. Em Maputo não haverá guardas cuanhamas para o proteger? Dilma Rousseff priorizou sua visita a Londres. Alguns analistas afirmam mesmo que o Brasil usa a sua filiação na CPLP apenas para promoção da língua portuguesa e nada mais.

           

Ainda, George Chicoti no seu discurso na sessão da abertura da IX Cimeira concluiu que durante a presidência da CPLP, Angola deu uma contribuição apreciável para o reforço da cooperação entre os Estados-membros e, concomitantemente, para o prestígio internacional da organização. Sobre o “prestígio internacional da organização”, duvidamos que tenha sido apreciável. O mundo estranhou como se podia transformar um violino numa kalashnikov! Enviaram fragatas e submarinos para defender o voto de Carlos Gomes Júnior, assassino de deputados e políticos. E será que  língua portuguesa já faz parte das línguas de comunicação, por exemplo, na CNN? A CPLP não se preocupa com essas realidades. Tem demonstrado sim que é uma organização capaz de concorrer com instancias como a UA, a EU, a CEDEAO, a Mercosul, a SADC e até com a ONU. O que significa que a CPLP já não é uma instituição vocacionada para promoção da língua portuguesa no mundo.

 

A Voz de América noticiou que a IX Cimeira de Maputo terminou sem novidades para a Guiné-Bissau. Mas na declaração final da Cimeira, o grupo propõe “trabalhar pela convocação de reunião de “alto nível”, no âmbito das Nações Unidas, com vista a elaboração de estratégia abrangente e integrada que vise a restauração da ordem constitucional na Guiné-Bissau”. O que equivale dizer que todos os esforços da CEDEAO -  organismo mandatado pela ONU para a resolução da crise política na Guiné-Bissau - são ilegítimos na perspetiva da CPLP. Paciência, quem nasce torto nunca se endireita! Eles procuram através do novo representante da União Africana na Guiné-Bissau, o Santomense, Ovídio Pequeno, furar o cerco. Mas, é evidente que a iniciativa do género poderá ter impacto, internamente, apenas se for convocada pela CEDEAO!

 

Carlos Gomes Júnior já definiu o seu timing: até ao fim do ano 2012 regressará ao país! No nosso ponto de vista, só se for para responder à Justiça  Nacional, ou até vir a ser extraditado para o Tribunal Penal Internacional sobre os crimes que sobre si impendem! Pergunto: por que, então, não foi levado a Cimeira de Maputo? Para não se confrontar com a Carta Aberta assinada pelos Antigos Combatentes Guineenses e enviada a Cimeira?

 

Padidas no lanta no pega radi pa no tapa orik ku Deus dano!

Por Balugum