DJUKU DI BANDE

30-12-2011 01:00

DJUKU DI BANDE

 

            Se é verdade que todos somos ramos do mesmo tronco, tal como o nosso hino figura, porque, então, o PAIGC continua de catana na mão empenhado em mutilar a Acácia de Cabral? Mas, porquê? Porque tantas atrocidades políticas se não pertencermos à terra de Drácula? Longe vão os tempos em que os tiques megalómanos do PAIGC que amedrontavam o nosso povo. Mas, no fundo, ainda anda brincamos à democracia. Ela, recorda-se, foi imposta de fora para dentro. E o PAIGC engoliu-a como o peixe pelo rabo. O despotismo político continua a ser o seu emblema. Os ataques de pânico e desvarios do seu actual líder são prova palpável desse estado de alma.

   

É evidente que o PAIGC dos combatentes desvaneceu-se. Estamos, hoje, confrontados com um PAIGC avassalado, definitivamente, pelo mundo do capital financeiro. Na semana passada, volúvel e irritado, como sempre, lançou uma ofensiva contra o Colectivo da Oposição Democrática, tentando ludibriar os cidadãos. Esta mudança de atitude não caiu do céu! Desde que as forças armadas se tornaram apartidárias, deixando de ser seu braço armado, os paigcistas passaram a sofrer de ataques de excentricidade. Vêm fantasmas, conspirações, balantas, por todas as esquinas e lugares. O referido comunicado chegou à rádio como uma nota de imprensa. Ninguém quis dar a cara por ele. Não tinha assinatura e nem tão-pouco especificava o órgão partidário que o emitiu.   

 

Para os que não sabem, Djuku di Bande é alcunha de Cadogo Júnior. As mulheres distinguem perucas com esse nome. Assim vai a actual liderança do PAIGC e, naturalmente, a governação do país: encrespado! O dinheiro também faz milagres. Quem podia imaginar que, um dia, o PAIGC pudesse ser liderado um antigo furriel do exército colonial português? Com o Governo de Djuku di Bande, já lá vai o tempo da inviolabilidade do direito à soberania dos povos. Até o Presidente de Angola, que censura os princípios da democracia, por causa da CPLP, se atreve a citar a Guiné-Bissau, numa conferência de imprensa com o Primeiro-ministro de Portugal. Como se pode confiar num Governo cujo Primeiro-ministro mistura a função que desempenha com a de empresário? Para que, de facto, se possa apostar na moralização consentâneo da nossa sociedade, o país necessita de uma explicação clara de como, Cadogo Júnior, conseguiu, como milagre das rosas, ganhar tanta fortuna, que ele próprio diz possuir. É verdade o que muitos dizem: a história recente não serviu de bússola à navegação.

 

Todos sabíamos que a Presidência da República e a Prematura não se entendiam. Respirava-se uma atmosfera um quanto difícil entre estes dois órgãos de soberania. O que não se imaginava é que chegassem ao ponto de utilizar a questão da saúde para atingir os seus objectivos. Os factos - conforme foram contados na praça pública - o Preimeiro-ministro, ao obter a informação sobre o estado clínico do Presidente da República, reuniu-se apressadamente com o Embaixador de França e atirou-se de cabeça e na companhia do seu Ministro de Saúde, para o hospital Val de Grace em Paris. Sabia-se que, pela delicadeza da questão, nem o hospital e muito menos o paciente estavam em condições de receber visitas. A comitiva regressou com o rabo entre as pernas, não piou nem miou. Ouvia-se dizer à boca pequena, que Djuku di Bande viajou com mão de timba de Botcha Candé e que se tivesse visto Malam Bacal, teríamos, infalivelmente, novas eleições presidenciais no próximo ano.

 

Mas, seja como for, Dois Mil e Doze, será o ano crucial na política guineense. O PAIGC de Cadogo Júnior está ciente dessa realidade. Sempre aspirou o lugar de Presidente da República. Só não se sabe como vai negociar o campo político com o seu amigo secreto, Henrique Rosa. Espera-se, contudo, que não se concretize o sonho do MPLA de transformar a Guiné-Bissau na Decima Quarta província de Angola. Ou que se concretize a ideia de trazer as forças da Ecomog para proteger os candidatos do PAIGC. É nosso desejo também que o próximo ano seja o princípio do fim da impunidade e que Cadogo Júnior seja levado à justiça. Que as inaugurações arrecadadas para o próximo ano pelo Governo se limitem apenas às ajudas internacionais, como tem acontecido até aqui. Que se comece a pensar o desenvolvimento do campo para a cidade. Que se perceba de uma vez por todas que o progresso de uma sociedade se alcança pela cultura, e jamais pela sua militarização. Que os nossos hospitais se elevem a categoria dos mais prestigiados hospitais de África ocidental. Boas Festas e Feliz Ano Novo!

 

Por Balugum