FOCO DE INSTABILIDADE

26-01-2012 21:14

FOCO DE INSTABILIDADE

 

            Aos olhos do mundo ficou mais claro que Cadogo Junior é o factor primordial da instabilidade política na Guiné-Bissau. Empolgado pela inventona de 26 de Dezembro, atirou-se desvairado ao terreiro, e a espalhar pelos quatro cantos do planeta que era o “candidato natural do PAIGC” às presidenciais de 18 de Março próximo. A atitude não deixa de ser de resignação tácita do cargo que ocupa neste momento, tentando lançar mão à tripeça do mais alto magistrado da nação. Dois dias após o funeral de Malam Bacai Sanha partiu para Gâmbia para assistir a tomada de posse do novo presidente. A seguir, pirou para a Cimeira da União Africana em Adis Abeba, para o combate diplomático de atrair forças estrangeiras para o país, logo após o folclórico (e tribalista) comício dos chamados “apoiantes do leste à candidatura de Carlos Gomes júnior”, promovido pelo Ministro mão-de-timba, Botcha Candé.

 

            À luz da actual constituição da República da Guiné-Bissau, em caso algum o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior poderá sonhar sequer em concorrer para as primárias no seu próprio partido e muito menos ser eleito candidato ou até vir a ser Presidente da República. Seria possível sim na terra de “come e cala” algures em Luanda e no paraíso zig-zag de António Injai. Deve pensar que pode também negociar a tripeça de Presidente da República, como comprou o partido que hoje dirige, e outras coisas mais que tem por hábito subornar. Aconteça o que acontecer, a Lei será respeitada! O Presidente Interino, Raimundo Pereira, não tem prerrogativas para nomear ou demitir o Primeiro-ministro. Qualquer iniciativa neste ou naquele sentido será a consumação da inventona de 26 de Dezembro passado.   

 

            O facto de Carlos Gomes Júnior ter declarado “candidato natural do PAIGC”, é indicativo de um período eleitoral extremamente conturbado. Quem não apregoava que o governo devia ir até ao fim? Hoje, ele é o primeiro a tentar, à revelia da Lei da República, usurpar o lugar deixado pelo falecido Presidente. Os barões da droga também apostaram nele! Mas, escolhido ou não nas primárias do seu partido, Carlos Gomes Júnior e o governo que preside já provaram a sua leviandade política em matéria de gestão do escrutínio de Março. Conclusão: se o Primeiro-ministro for candidato escolhido pelo PAIGC, Carlos Gomes Júnior será Presidente logo “à primeira volta”. Mas, caso seja derrotado dentro do PAIGC ou simplesmente impedido de candidatar conforme a Lei determina, podemos contar com todas as obstáculos visíveis e invisíveis para impedir a sua realização dentro do prazo constitucional.

 

Por Balugum