MAMÃ KUIBA

25-01-2012 23:21

MAMÃ KUIBA

 

 

            Tomei a liberdade de lhe dirigir estas singelas palavras, desejando-lhe muita saúde e que tenha o novo ano próspero. Nasci e vivo no seio do povo da Guiné, tal como Mamã Kuiba é para o seu povo. A sua reputação pelo regaço que tem dado aos seus filhos, de Cabinda a Cunene, extravasa às fronteiras de Angola. Fascina a qualquer um, o jeito maternal e clemente da senhora. Esta postura nobre inspirou a decisão de lhe dirigir esta minha carta.   

 

Mamã Kuiba, espero que já tenha ouvido falar da Guiné-Bissau. Presumo também que lhe tenham informado de que as forças armadas de Angola se encontram estacionadas, ilegalmente, em Bissau. Posso dizer que desconhecemos o objectivo da sua presença. No início, o móbil era varrer os balantas das forças armadas guineense. De repente, o objectivo foi convertido. Vê-los agora nas tarefas de construção dos quartéis, para ganhar tempo. Sabemos que montaram retaguarda na Guiné-Conacri. São, hoje, coniventes com as intrigas palacianas e complôs. Estão em todas: intitulam-se de forças de dissuasão militar na Guiné-Bissau e ao mesmo tempo servem de guarda pretoriana de Cadogo Júnior. Evocam, sem pejo, o nome Guiné-Bissau, nas instâncias internacionais, legitimando-se ora pela velha amizade entre o PAIGC e o MPLA, ora sob guarda-chuva da CPLP, e sei lá mais o quê.  

 

Muitas vezes, as nações têm mais a recear os efeitos das suas próprias paixões do que as hostilidades de seus vizinhos. Em Angola, desde que Jonas Savimbi foi assassinado, passou-se a gerir as fronteiras territoriais em lugar de promover a democracia. A perenidade do Estado angolano passou à perpetuidade no poder do Presidente José Eduardo dos Santos. A distinção entre kamundongos e sulanos, define claramente a natureza do poder angolano, neste momento. Isto sem falar da corrupção que graça a cúpula dirigente, uma espécie de saco azul posto à mercê dos abutres do MPLA e seus familiares. E chamamos tudo isso de “progresso angolano”.   

 

            O actual Ministro da Defesa de José Eduardo dos Santos, correu para Bissau, logo após a “inventona” de golpe de Estado de vinte seis de Dezembro, carregado de dinheiro que dizia destinar-se ao programa de reforma nas forças de defesa e segurança. Agastado, apelidou de céptica a oposição ao dito programa de reforma. Mas, pergunto-lhe, Mamã Kuiba: imagine-se que alguém - que até se considera sua amiga – começa, por iniciativa própria, a descarregar em sua casa, por exemplo, “equipamentos de bombeiros”, sem que a mesma estivesse em chamas, qual não será a sua admiração para com atitude dessa sua amiga, desejando uma conversa aberta e franca com ela sobre o futuro do seu património? Das duas, uma: se não é daquelas amigas vaidosas, ela é feiticeira e invejosa.

 

Portanto, em prol da boa relação ainda existente entre os nossos dois povos irmãos, rogo a Mamã Kuiba, que interceda junto a quem de direito para que proceda a retirada, imediata e incondicional, dos mercenários angolanos da Pátria de Cabral.  

 

Sem mais assunto desejo-lhe continuação de ANO NOVO PRÓSPERO.

 

 

Por: Balugum