PARÓDIA ANGOLANA

07-01-2012 19:11

PARODIA ANGOLANA

 

            O princípio de não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados não passa de letra morta para alguns sectores da chamada comunidade internacional. Nos nossos países de África, a questão é fácilmente contornável. Alguns Estados têm servido frequentemente das organizações regionais e linguísticas para atingir os objectivos inconfessos. Em muitos casos acabam por envolver-se em disputas políticas internas de outros Estados. Posicionam ideologicamente e incitam conflitos internos. A Guiné-Bissau tem sido infelizmente a arena para todas as experimentações. Eles não se limitam à relação Estado-Estado. Censuram as disputas políticas normais em democracia. E nunca enquadram a oposição como fazendo parte do sistema político. Para eles apenas vale a versão governamental. Na sua visão, a derrota eleitoral equivale ganhar um lugar de espectador durante toda a legislatura. Qualquer crítica é entendida como sublevação ou incitamento para a rebelião. Há inclusive casos de líderes de oposição que são convidados a exilar-se para não perturbarem a governação (o caso, por exemplo, de Kumba Yala). E não é por acaso que a dita “comunidade internacional” - prancha de Estados com vocação colonialista – procura influênciar indicação dos líderes nos nossos países; ou que as previsões dos observadores internacionais ¨, são mais fiáveis que dispensam quaisquer sondagens eleitorais convencionais. Angola é, neste momento, o Estado que afronta a soberania do nosso país.  

 

               A nossa oposição já expressou, em várias ocasiões públicas, o seu ponto de vista em relação à presença das tropas angolanas no nosso chão, tendo-a considerado, inclusive, ilegal (mercenários). Mas, para Cadogo Júnior e José Eduardo dos Santos,  a fórmula tem sido a seguinte: os cães ladram e a caravana passa! Troçam e os seus “parceiros internacionais” aplaudem. Decidiram empurrar compulsivamente o país para a esconjurada reforma. Com a encenação do dia 26 de Dezembro, querem obrigar-nos a engolir o peixe pelo rabo. O “ensaio militar” visava também pressionar a CEDEAO, “para a conclusão e assinatura de um Memorando de Entendimento relativo à aplicação do roteiro sobre a reforma da Defesa e Segurança assim como o recente prolongamento pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas do mandato da UNIOGBIS até Fevereiro de 2013”, ano em que está previsto a assinatura de tal Memorando de Entendimento. Para assustar melhor as crianças, aplicaram a artimanha que capturou Nito Alves a Bubo Na Tchuto, prendendo-o. Disse Cadogo Júnior: “Se não fosse a ajuda de Deus, este último acontecimento do dia 26 de Dezembro teria sido um desastre para o país”. Pergunto, então, ao José Eduardo dos Santos: o Memorando de Entendimento será rubricado entre CEDEAO e Angola ou entre CEDEAO e a CPLP? A resposta é óbvia. Mas, o Presidente de Angola, na qualidade de Presidente em Exercício da CPLP, conseguiu colocar até agora no campo de batalha apenas as tropas angolanas prontos a atirar. Será porque Angola é um país amigo da Guiné-Bissau? Ou será porque Angola apresentou-se como a única potência militar capaz de resgatar as forças armadas guineenses do chamado domínio balanta? Quando as tropas angolanas pisaram o solo guineense, há cerca de um ano atrás, encontraram um país estável e sem conflitos armados. Diz-se que a comunidade internacional presta atenção a Guiné-Bissau, da mesma forma como o colonialismo português tinha como missão ajudar a nossa gente. 

 

            Ora, em relação ao “desastre” que Cadogo Júnior, disse que atingiria o país se não fosse a ajuda de Deus, é preciso notar que ele próprio confia mais numa força sobrenatural do que no esforço do CEMGFA, António Injai, para o proteger. A Guiné-Bissau estava a beira de se transformar na Somália de África Ocidental? A oposição já avisou que o nosso povo não hesitaria em pegar, mais uma vez, em armas para libertar o país de dominação estrangeira. O ano de 2012 promete! O Primeiro-ministro promete que já no dia 23 de Janeiro, um grupo de militares vai passar a reforma. Justifica depois que “o atraso na constituição de fundo de pensões e consequentemente na implementação de reforma tem criado instabilidade constante nos quartéis e no próprio país”. Em certa medida, tem sido estes factos que terão levado também Angola a desdobrar-se em contactos diplomáticos, nos últimos dias. Esperamos que não seja para acautelar o “desastre”! Georges Rebelo Chicote, Ministro de Relações Exteriores de JES, partiu para Nigeria e ao Gana. Cândido Van-Dunem, Ministro das FA, viajou para Bissau. Ambos são portadores das mensagens do Chefe de Estado angolano. E o lema é: REFORMA na defesa e segurança, doa quem doer! E não se estranhe se lhe disserem que o mandato do actual  Presidente em Exercício da CPLP vai ser prorrogado até Fevereiro de 2013, para coincidir com o prolongamento do mandato da UNIOGBIS.

 

Por Balugum