PRIMEIRO DE ABRIL

29-12-2011 19:53

PRIMEIRO DE ABRIL

 

 

            Um “profeta” com lugar cativo no “Debate-Africano” de Domingo na rádio Africano da RTP-África, voltou a augurar para a Guiné-Bissau um descalabro de violência militar, sem precedentes. Não queremos, pois, imaginar que o vidente esteja a invocar um genocídio étnico como o do Ruanda. Mas, se a iniciativa recorrida pretende resumir o ponto de partida pelo qual se possa resolver, para todo o sempre, o problema do desenvolvimento do nosso país, então ela demora a chegar.

 

            Nos céus da Guiné-Bissau, a “comunidade internacional” continua a abraçar as nuvens pensando que é Juno. Tenta a todo o custo desligar o levantamento de 1 de Abril último, dos assassínios ocorridos no dia 1 e 2 de Março de 2009, que matou o CEMGFA, Gen. Batista Tagme Na Wae e o Presidente Nino Vieira. Ou até desta desforra ao conflito político-militar de 7 de Junho de 1998, etc. Ora, sobre o levantamento militar de 1 de Abril, podemos adiantar que não mais que uma consequência directa da inconstitucionalidade praticada pelo executivo de Carlos Gomes Júnior, ao permitir que houvesse dois CEMGFA, um primeiro e o outro no lugar de vice, respectivamente Zamora Induta e António Injai. Tudo isto indiciava uma disputa feroz entre as duas figuras pelo posto em questão. O Governo justificou a medida como um estado de excepcionalidade política no país. Não esqueçamos que a fúria assassina contra Tagme e Nino Vieira (eleito pelo povo) ocorrera na vigência e nas barbas do Governo de Carlos Gomes Júnior, que, vacilou e não tendo protegido as vítimas, fez orelhas moucas quanto ao esclarecimento da situação à opinião pública nacional e internacional.  

 

Passados mais de 36 anos da independência do da Guiné-Bissau, não existe nenhum filho desta terra que não conheça o actual PM e o partido que representa. Pelas ideias está completamente empalidecido e não convence mais ninguém. A fórmula para angariar votos tem sido pela compra de consciência. A maioria qualificada alcançada no último escrutínio foi, sem dúvida, inspirada nos partidos congéneres na Europa (Portugal) e em África (Angola). A nível internacional, certos países, através dos seus representantes no terreno, que nunca quiseram aplicar-se no trabalho de pesquisa da sociologia política guineense, compraram nas tripeças do PM a ideia do tribalismo e do narcotráfico, sobretudo, no seio das Forças Armadas. Nesse quadro, a relação do nosso país com o mundo, transformou-se numa ligação corporativista, que procura assentar o elefante numa cadeira, com a simples garantia de que os seus capitais poderão vir a ser escolhidos como praça financeira do petróleo da nossa terra, etc,.

 

Não vamos gastar tinta da nossa esferográfica, com o debate sobre o sindroma do tribalismo espalhado entre os nossos parceiros no mundo, justamente porque se trata de um assunto que tem a ver com a realidade sociológica das nossas terras africanas. E sobre o narcotráfico no seio das Forças Armadas, podemos dizer que este negócio evidenciou-se mais após o regresso de Nino Vieira ao país. O que significa que foi introduzido pelos políticos que sempre recorreram aos militares para lhes assegurar o negócio. Na minha opinião o foco dos conflitos centra-se nos políticos e não nos militares, ao contrário da visão que o PM tenta passar ao mundo. Uma simples comparação do modo de vida nas casernas e o modo de vida dos políticos é revelador dessa realidade. Carlos Gomes Júnior sabe do que estou a referir ou não é ele quem consegue trocar a remuneração do trabalhador pelo suborno. Tirando as interrogações duvidosas do seu próprio pai, nunca se questionou a proveniência do dinheiro que vem distribuindo, gratuitamente, desde os anos oitenta. A pirueta que deu à sua relação com Nino Vieira, não apaga o seu perfil de testa-de-ferro diante dos negócios do ex-Presidente da República. E quem olha para ele nunca sabe se está diante de um empresário ou do Primeiro-Ministro. O seu Governo já não responde pelo seu próprio partido, mas sim por uma espécie de  “governo-sombra” sediado em Lisboa.  Não sabe comunicar e apresenta limitações académicas graves.

 

Teleguiado, geriu mal o regresso do Contra-Almirante Américo Bubo Na Tchuto, que durante cerca de três meses no refugiou na sede da ONU em Bissau, onde foi cercado por um forte dispositivo militar. A partir desse período o Governo caiu no desnorte. E de imediato estendeu-se-lhe o convite para se demitir. O PM enfiou a cabeça na areia ignorando, mais uma vez a história repete-se. estamos colocados diante está dotada dessas virtudes

 

 

 

Por: Balugum