COMUNICADO DE IMPRENSA

16-04-2012 16:25

Comunicado à Imprensa

Pelas suas posturas como cidadãos e como políticos, os cinco candidatos às eleições presidenciais antecipadas de 18 de Março aqui presentes e representados, já deram provas mais do que suficientes, desde as primeiras eleições multipartidárias guineenses, de que nunca transigiram, e nem nunca transigirão com comportamentos antidemocráticos, e por isso, de forma solene, condenam firmemente a sublevação militar do passado dia 12 de Abril, exigindo deste modo a rápida reposição da ordem constitucional.

As candidaturas de Koumba Yalá, Manuel Serifo Nhamadjo, Henrique Pereira Rosa, António Afonso Té e Serifo Baldé estão chocadas por isso, pela violência assaz invulgar do comunicado da Presidência da CPLP sobre a eventual relação dos candidatos com o pronunciamento militar, e sobretudo manifestam estupefação perante a dureza das palavras encerradas no referido documento, nomeadamente no seu ponto 5, quando se tenta colar a legítima defesa da verdade e justiça eleitorais promovida pelos contestatários, ao plano dos militares revoltosos, que aliás, é, e já foi unanimemente desaprovado por todos nós.

Manifestamos a nossa indignação perante o aparente desprezo e ignorância demonstrados pela CPLP na procura de causas que apontem os verdadeiros culpados que nos levaram a esta situação, quando não se procura como causas próximas, por exemplo, a inopinada e inadmissível agressividade dos governantes para com os militares nas comunicações ofensivas e pouco abonatórias entre instituições da República, tornadas públicas nos dias antecedentes a esta lamentável insubordinação.

Também registámos no passado, com alguma curiosidade, a passividade com que alguma comunidade internacional e nomeadamente, a CPLP, se posicionaram aquando dos assassinatos de políticos eminentes e heróis da nossa luta de libertação, como o Presidente Nino Vieira, o general Tagmé Na Wai, e os deputados, e candidato presidencial respetivamente, Hélder Proença, Baciro Dabó e os respetivos guarda-costas em 2009. Dos espancamentos dos ex-primeiro-ministros Dr. Francisco Francisco Fadul e o Dr. Faustino Imbali, e do advogado Pedro Infanda e mais recentemente dos assassinatos bárbaros do Major Iaia Dabó por agentes da Polícia de Intervenção Rápida à porta da instituição que lhe devia dar protecção. E também do assassinato do Coronel Samba Djaló testemunha dos assassinatos políticos de 2009. Todos eles perpetrados de forma suspeita no consulado das autoridades que agora a CPLP se prontifica a defender.

Este invulgar frenesim da CPLP, também consubstanciado na máquina de propaganda de alguma imprensa ad-doc ao seu serviço, nomeadamente a RTP e a RDP, só nos pode levar à conclusão de que as ameaças veladas com instâncias penais internacionais e outras sanções retidas na Declaração da Presidência, e na Resolução do Conselho de Ministros da CPLP, afinal só são brandidas quando se pretende proteger alguém ao serviço de alguém.

O acórdão do Supremo Tribunal de Justiça pronunciado a favor da reposição da ordem constitucional quando se deu um golpe de estado em 2003 na Guiné-Bissau nunca foi cumprido, e a CPLP e outras organizações ad-doc’s não apareceram na altura para exigir nestes termos violentos e ameaçadores a reposição da legalidade.

Recordamos ainda que o que está em causa neste momento nas nossas reivindicações, nem sequer são os resultados, mas sim a viciação de todo o processo eleitoral que previamente foi comunicada às principais representações diplomáticas sedeadas no País. E não fomos ouvidos. Mesmo assim, numa prova de empenhamento democrático fomos às eleições para provar ao povo guineense e ao mundo a gravidade da situação.

Quem quiser ajudar o povo guineense com soluções legalistas, constitucionais e consentâneas será sempre bem-vindo e terá em nós um aliado. Porém, repudiamos os insultos proferidos nas declarações da CPLP, que numa demostração de pura ignorância ou conveniência, querem transformar os contestatários destas eleições no bode expiatório deste golpe de estado, tentando escamotear a verdade que acabará por vir à tona um dia.

Bissau, 16 de Abril de 2012