MILITARES COMO BODE EXPIATORIO

23-04-2012 00:05

MILITARES COMO BODE EXPIATORIO

 

            O mundo está às avessas! Expressamos o repúdio aos sucessivos atos de violência no nosso país, mas nunca ousamos contar a verdade. Enquanto os vossos dedos continuarem apontados para os militares da Guine-Bissau, não alcançaremos a verdade dos factos. Os militares têm sido repudiados, insultados e até ultrajados pelos políticos e nunca ninguém se prenunciou uma única frase sobre essa realidade. Nino Vieira para assegurar o seu regime despótico cometeu genocídio étnico no seio das Forças Armadas. O caso 17 de Outubro, é um desses momentos marcantes na história recente das Forças Armadas, que muitos tentam ocultar. Podemos considerar essas perseguições e assassinatos como a primeira medida reformista levada acabo pelo regime “ninista” no seio da sociedade castrense. A ferida foi profunda! Na era de “Carlitos”, antigo testa-de-ferro de Nino Vieira, assistiu-se um duplo e hediondo assassinato do ex-CEMGFA, General Batista Tagme Na Waie e do ex-Presidente da Republica, General João Bernardo Vieira (Nino). O silêncio por parte do governo de Carlos Gomes Júnior e da chamada comunidade Internacional, foi ensurdecedor! O Presidente da República Interino, Raimundo Pereira, em conluio com o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, apressou-se em colocar no posto de CEMGFA, sem que a Lei o permitisse, o Comandante Zamora Induta. O alcance dessa iniciativa visava o controlo e manipulação das Forças Armadas. Os assassinatos que sucederam depois testemunharam essa intenção. O regime teve ainda a ousadia, nessa altura, de nomear para vice-CEMGFA, General Antonio Injai, alegando a excecionalidade política de momento.  Em 1 de Abril de 2010, quando Injai derrubou Induta, o Primeiro-ministro, assustado, decidiu solicitar apoio das forças armadas angolanas. As forças entrariam sob o signo de reforma no sector da defesa e segurança na Guiné-Bissau. Se no regime anterior (de Nino Vieira) a imagem dos militares fora desonrosa, na gestão de Carlos Gomes Júnior, o mundo lusófono passou a associar os nossos militares às milícias tribais, gangues de traficantes de droga a exterminar.

 

            O mundo está às avessas! Como é possível, hoje em dia, transformar os heróis da libertação em vilões? A degradação da condição de vida nas casernas atravessou todas as governações no país. O definhamento do ensino e da saúde é arrepiante. Nas Forças Armadas, o sector que estamos a analisar, as refeições dos soldados são de arroz com arroz. Não é por acaso que muitos deles levam nos bolsos frascos de óleo de palma. Outros até mendigam por molho na vizinhança, para porem nas suas comidas. Enquanto nas ditas lideranças políticas, la no topo da pirâmide, se assiste a depravação da economia a todos os títulos. Não difícil de ver em suas casas frotas de carros tope de gama e vivendas novas resultantes de actos de suborno e de corrupção. A democracia seria o instrumento adequado se sua irmã gémea, a corrupção não dominasse e contratasse gangs que perseguem os opositores políticos.

 

            A CPLP, sobretudo Angola e Portugal, aplaudiu o golpe militar do dia 26 de Dezembro de 2011 que escorraçou o Contra Almirante Américo Bubo Na Tchuto, do seu posto. Mas, o do dia 12 de Abril foi um soco no coração da CPLP!  E onde está a diferença? É que se um é filho o outro é enteado. Não se trata do problema de cumprir a Lei ou respeitar a Constituição, senão Bubo Na Tchuto não estaria na prisão até a esta data.

 

Por outro lado, o regresso a via constitucional advogado pela CPLP, Angola e Portugal, não deixa de ser extemporâneo. As condenações e ameaças transformaram num grito de desespero. Ouvimos chamar Carlos Gomes Júnior Primeiro-ministro. Ah, ele era Primeiro-ministro e ao mesmo tempo, candidato à Presidência da República? Não chegou a ser exonerado daquela função porque a Lei não permite! Dizem que trespassou o cargo a Ministra Adiatu Nandigna. Mas, isso está escrito aonde? Carlos Gomes Júnior, nunca foi um guardião da Constituição! Disse num encontro com a comunidade guineenses em Lisboa que se candidataria, porque se assim não procedesse quem viesse a ganhar o demitiria. Não duvido que não pensasse no seu opositor político, Kumba Yala. Era defensor acérrimo da tese de que cada cabeça é uma sentença e aplicou isso na interpretação da Constituição. Só não escutou quem não quis compreender estávamos perante um impostor, de quem nunca iria privilegiar o império da Lei, mas que incessantemente procura trilhar o caminho das trevas, do preconceito e ódio. A estratégia de Carlos Gomes Júnior visava apenas empatar as eleições presidenciais do dia 18 de Março. Tinha as costas quentes na guarnição angolana estacionada no antigo Palace Hotel, onde, aliás, sempre lhe serviu de esconderijo. Proteção que fez transparecer a verdadeira cara da Missang: colocar o Gomes no poder para melhor abocanhar as nossas matérias-primas.  

 

            A cassete de povos amigos de Guiné-Bissau e Angola está gasta! De que somos irmãos, isso é truque! Eles olham para o mundo que os rodeia com sobrançaria. Angola hoje até paga para falar mal da Guiné-Bissau. Diz um ditado guineense em crioulo que significa: “macaco quando não alcança alfarroba diz que não presta”. Chicote terá neste momento a cabeça a premio. Não é por acaso que aponta todos os canhões para Bissau, arrastando consigo Paulo Portas. E nem se apercebe que não tem lição a dar sobre a democracia e o respeito pela Constituição. Até Durão Barroso, padrinho da filha de José Eduardo dos Santos, fala de Bissau a partir da terra do ditador. Em nenhum momento a ONU, a EU, SADC, CPLP vimos pronunciar sobre envio de Forças de Interposição para Cabinda. Será que não se trata de um território angolano? Nem a Embaixadora norte-americana, Susan Rice, Presidente do Conselho de Segurança, chamou, entretanto, a atenção ao mundo sobre a necessidade de respeitar a integridade e soberania dos países. Os meteorologistas não preveem nuvens cor de ardósia sobre os céus da nossa Guiné. O vento poderá empurra-las e espalha-las, em camadas, por toda a Guiné-Bissau. E só trovejará se existir a elevação de ar húmido na atmosfera. Se isso acontecer, podemos contar com uma espécie de Somália ou Ruanda na Africa Ocidental. Hitler também tinha sido eleito nas urnas!

 

Por Balugum